NOSSA ONG

A Associação Arte e Convívio surgiu através da motivação de trabalhadores da Saúde Mental de Botucatu imbuídos pelo sentimento de inconformidade em relação ao tratamento ofertado às pessoas em sofrimento psíquico na década de 90, que se limitavam à psicoterapias, consultas em Terapia Ocupacional, Psiquiatras, Assistentes Sociais e inúmeras internações psiquiátricas. A vida que os usuários de saúde metal relatavam se limitavam à ociosidade dentro de casa; ida aos serviços de saúde e instituições religiosas das quais se identificavam.
No entanto, na escuta a essas pessoas, havia alí um desejo neles de trabalho, de gerar a própria renda e de construção de rede social, de lugar de pertencimento. Atravessadas pela sensibilidade à essa escuta, tecendo redes de afetação entre usuários, familiares, trabalhadores e pessoas da comunidade, essa ONG se constituiu.
Os primeiros encontros abordando essa possibilidade surgiram no início da década de 90 mas foi em 1998 que ela se constituiu legalmente após uma grande Festa Junina organizada por todos os serviços de saúde mental de Botucatu, cujo objetivo era, através do dinheiro arrecadado, possibilitar a sua legalização. Naquele momento, Botucatu abraçara mais essa possibilidade para a Saúde Mental do Município.
Nosso objetivo, nossa missão, é ofertar às pessoas em sofrimento psíquico – seja da rede pública ou particular – que fazem tratamento em saúde mental, a possibilidade do trabalho enquanto um direito.
Através da reabilitação psicossocial – Eixo 7 da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) – possibilitamos a inclusão no mercado formal e informal de trabalho, construindo espaço de pertencimento, convivência, arte e consciência cidadã, com foco no empreendedorismo social e economia solidária às pessoas com transtornos mentais.

Nossas Lutas
• Contribuir no processo de consciência cidadã é um ponto muito importante para nós! Que juntos possamos participar desse fortalecimento político dos usuários de saúde mental. Que eles possam dizer, à sua maneira, quais são as necessárias melhorias nas Políticas Públicas ofertadas a eles!
• Participar da construção de Políticas Públicas na área de Saúde Mental pra nós é fundamental pois defendemos a Garantia de Direitos à essa população – que historicamente teve seus direitos tão violentamente violados.

E por que lutamos tanto?
A história social da loucura e os horrores institucionais nos quais as pessoas “desviantes” do padrão social sofreram e ainda sofrem afeta muito a cada um(a) de nós gestores e trabalhadores dessa ONG, mas sobretudo nossos participantes, que viveram e ainda vivem na pele situações de exclusão, preconceito, maus tratos e violação de direitos.
Tomadas por uma força interna de luta “Por uma Sociedade Sem Manicômios” – lema nacional de Luta Antimanicomial da qual militamos, cá estamos... na defesa do SUS (Sistema Único de Saúde), do SUAS (Sistema Único de Assistência Social), da Economia Solidária, do Modo Psicossocial, da libertação dos afetos aprisionadas e no investimento nas pessoas enquanto seres de possibilidades.
Pra nós, além de muitos usuários dos serviços de saúde mental (que passam a ser trabalhadores) e seus familiares, também passam muitos estudantes e profissionais em formação da área de serviço social, psicologia, medicina, psiquiatria, enfermagem e terapia ocupacional, onde aprendem novas formas de atuação.

Nossas bandeiras de luta:
• O que é feito para incluir, não pode excluir!
• Por uma Sociedade Sem Manicômios!
• Trancar não é Tratar!
• Saúde não de prende! Loucura não se vende!
• Respeito às Diferenças!
Vale também compartilhar com vocês que defendemos a participação da sociedade civil organizada no controle social no processo de aprimoramento das Políticas Públicas.

Campanha de Inclusão dos PCDs
A rotina das pessoas que passam pela Arte e Convívio nos Núcleos de Trabalho, é exercida diariamente, se segunda à sexta-feira, por pelo menos 3horas de trabalho/dia.
Dentro disso, o trabalhador vive todas as regras, responsabilidades e emoções que implicam nesse processo de desenvolvimento que o trabalho oportuniza.
O cuidado com cada peça, a criação responsável, o respeito ao meio ambiente, com os colegas e com o espaço são molas mestras em nossa produção cotidiana! Todos crescem, se emancipam e ampliam sua autonomia. E nesse fazer diário, apreciamos o desabrochar de cada ser humano.
Cada Núcleo de Trabalho de Artesanato é co-ordenado por um profissional da área de saúde mental – encadernação por uma Terapeuta Ocupacional, Costura por uma Assistente Social e Mosaico por uma Psicóloga. Contribuem também no nosso cotidiano a gestora da OnG , uma ajudante geral, uma voluntária, além de alguns prestadores de serviços que nos auxiliam maravilhosamente. A loja é cuidada duas trabalhadoras de ensino médio e o Café por outra profissional de ensino médio.
Das pessoas que passam por nós, algumas se incluem pela primeira vez no mercado formal de trabalho em vagas de PCDs (pessoa com deficiência) - através da lei de cotas, algumas retornam ao trabalho após um período de auxílio doença e outras obtêm apenas o trabalho na Arte e Convívio como possibilidade de vivenciar o trabalho com um direito.
Em Botucatu, temos parcerias com algumas empresas nas quais encaminhamos nossos trabalhadores para o mercado formal de trabalho quando existem vagas pela Lei de Cotas.
Incluir um PCD (“pessoa com deficiência”) no mercado formal de trabalho é super importante! Esse ato, além de ser benéfico para o trabalhador, também pode ser transformador para a empresa que o recebe pois contribui para que ela se reveja em muitos aspectos se, de fato, ela abraçar essa causa!
No entanto, a lei de cotas, entende que pessoas com deficiência são apenas as pessoas com: deficiência física, intelectual, visual e auditiva. E as pessoas com transtornos mentais? Quando tem esse direito garantido?
Pois é! Eles não tem! E é por isso que temos o dever de sensibilizar toda uma sociedade que as pessoas em sofrimento psíquico, se estabilizadas em seu quadro clínico, são extremamente capazes de produzir e trabalhar muito bem! E lutamos, diariamente, que seu direito ao trabalho seja garantido!

Artigos e Publicações
• RIBEIRO, Marli B. Santos; OLIVEIRA, Luiz Roberto de Terapia ocupacional e saúde mental: construindo lugares de inclusão social. INTERFACE - COMUNICAÇÃO, SAÚDE, EDUCAÇÃO. Botucatu, v. 9, n. 17, p.425-431, mar./ago. 2005.
• Deborah Mendes Araújo de Andrade, Alessandra de Fátima Sanches Vicençotto, Elen Patricia Gomes Zaponi, Maria Della Coletta, Mariana Soragni, Nicelle Juliana de Paula Sartor. Do sonho à realidade: a arte de viver, conviver e (re)criar. Cadernos Brasileiros de Saúde Mental/ Brazilian Journal of Mental Health ISSN 1984-2147, Florianópolis, Santa Catarina, Brasil. Capa > v. 8, n. 20 (2016) > Andrade
• Thiago Rocha Pinto; Deborah Mendes Araújo de Andrade, Alessandra de Fátima Sanches Vicençotto, Ely Sawaki E Nakamura. Elen Patricia Gomes Zaponi, Maria Della Coletta, Mariana Soragni, Marcela Pachechelli Nardo. In; Katia Liane Rodrigues Pinho, Leonardo Penafiel Pinho, Isabela Aparecida de Oliveira Lussi, Maria Lucia Teixeira Machado (org) - Associação Arte e Convívio e Economia Solidaria: um elo possível na construção de espaços existências para para pessoas em sofrimentos psíquicos. in; Relato de Experiências em Inclusão Social pelo trabalho na Saúde. São Carlos , COMPACTA Grafica e Editora , 2014, 268 pag (33 á 46).

Catálogo/Cartilha
• Dá para Fazer! Guia Pratico de Economia Solidaria E Saúde Mental. Arte e Cultura (https://drive.google.com/file/d/13IF3RCa009e-ZxnpgCSHbPFvDX1QtaBY/view?usp=sharing).
• Catálogo dos empreendimentos da Rede de Saúde Mental e Economia ( http://saudeecosol.org/wp-content/uploads/2017/10/Catalogo-Rede-de-Saude-Mental-e-EcoSol.pdf).

Teses
• Estudo de Características de familiares e usuários de uma Associação Civil para Reabilitação Psicossocial. Marli B. Santos Ribeiro. Unesp Botucatu 2003.
• Concepção Sistemica do Individuo: Auto organização e Reabilitação Biopsicossocial. Isabela Aparecida de Oliveira Lussi. Unesp Marilia 2003.
Economia solidária e a produção de cidadania na saúde mental: um estudo dos dispositivos de inclusão social pelo trabalho no estado de São Paulo Kátia Liane Rodrigues Pinho. Ufscar São Carlos 2015.